Vice-governador expõe racha e exige mudanças na Casa Civil

Uma crise política sem precedentes agita o governo de Rondônia, com graves denúncias revelando divisões internas na alta administração estadual. Em entrevista ao programa Voz do Povo na última sexta-feira (13), o vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil), que assume interinamente o governo na ausência do governador Marcos Rocha, atualmente em Israel, pediu a exoneração imediata do chefe da Casa Civil, Elias Rezende.

As declarações, transmitidas pela rádio local e amplamente repercutidas, revelaram uma fissura no governo e levantaram questões sobre a gestão do estado.

Sérgio Gonçalves criticou abertamente a atuação da Casa Civil, uma pasta crucial para a articulação política do governo. “Precisamos de pessoas sérias no governo para termos paz ao trabalhar. Quem realmente se dedica ao trabalho não tem tempo para perseguir ou prejudicar os outros”, afirmou.

Ele destacou que a gestão de Elias Rezende tem causado instabilidade e levantou suspeitas de condutas ilícitas, incluindo acusações de espionagem política. “O governo não pode ser alvo de acusações de arapongagem, de investigações clandestinas sobre políticos e opositores de maneira supostamente ilícita”, ressaltou, solicitando uma renovação completa na equipe.

As críticas do vice-governador seguiram as denúncias feitas por seu irmão, Junior Gonçalves, ex-secretário-chefe da Casa Civil, exonerado em fevereiro deste ano. Em uma coletiva de imprensa na capital, Junior expôs detalhes de um suposto esquema clandestino de espionagem política envolvendo agentes da Polícia Civil, aparentemente coordenado pela Casa Civil. Segundo ele, as atividades teriam sido visando beneficiar uma potencial candidatura de Marcos Rocha ao Senado em 2026. As denúncias foram formalizadas ao Ministério Público de Rondônia, que já investiga a situação.

Junior Gonçalves também mencionou a existência de um “gabinete do ódio”, formado por blogueiros e influenciadores supostamente financiados para atacar adversários políticos do governador. Ele alegou que alguns desses profissionais estariam lotados na Casa Civil ou teriam parentes em cargos comissionados, recebendo salários de até R$ 10 mil. “Essas ações, consideradas sérias e que podem ser investigadas pela Polícia Federal, estariam sob a liderança do deputado estadual Ribeiro do Sinpol e do delegado Marcos Correia, nomeado na Casa Civil em maio deste ano, em concordância com Elias Rezende”, detalhou Junior, conforme reportado pelo portal Rondoniagora.

A crise se agravou com a exoneração da delegada Simone Barbieri do Departamento de Estratégia e Inteligência (DEI) da Polícia Civil, responsável por investigações sensíveis, incluindo uma relacionada a irregularidades em contratos de digitalização de documentos durante a gestão de Elias Rezende no Departamento de Estradas de Rodagem (DER). A demissão foi determinada pelo novo diretor-geral da Polícia Civil, Jeremias Mendes, que assumiu o cargo após sete delegados recusarem a função, segundo informações do Rondoniagora.

A ausência do governador, em viagem a Israel com uma comitiva estadual para celebrar parcerias em tecnologia agrícola e segurança, tem intensificado a crise. Em vídeo publicado no sábado (14), Marcos Rocha relatou momentos tensos devido a ataques com mísseis na região, mas garantiu que a comitiva está segura, aguardando a reabertura do espaço aéreo. A distância do governador tem colocado o vice Sérgio Gonçalves no foco das decisões, ampliando a visibilidade do conflito interno.

O impacto das denuncias repercutiu nas redes sociais, onde usuários comentaram a coletiva de Junior Gonçalves, ressaltando a gravidade das afirmações. Um post do perfil @maraparaguassu no dia da entrevista chamou a atenção para a negação de Junior quanto a corrupção, mas apontou que existe “arapongagem e dossiês” no governo, sugerindo investigações no Detran. O perfil @painelpolitico ressaltou que a coletiva de Junior “elevou a crise com o governo” e gerou grande repercussão.

As denúncias renovam as preocupações sobre a credibilidade do governo de Marcos Rocha, que, segundo Sérgio Gonçalves, não pode “jogar sua imagem no chão” por comportamentos questionáveis. Em entrevista à Record News em abril, Rocha destacou o crescimento econômico de Rondônia impulsionado pela agricultura e turismo, mas reconheceu os desafios como a crise hídrica e incêndios florestais. A atual crise política, no entanto, ameaça ofuscar esses avanços, pressionando o governo a esclarecer as acusações e restaurar a confiança do público.

O Ministério Público de Rondônia ainda não se manifestou oficialmente sobre o andamento das investigações, mas a gravidade das denúncias sugere que o caso pode levar a desdobramentos significativos, incluindo possíveis ações da Polícia Federal.

A população de Rondônia está atenta aos desdobramentos dessa crise, que revela fragilidades na articulação política do governo e levanta questões sobre a transparência na administração estadual. O resultado das investigações e as próximas decisões de Marcos Rocha serão determinantes para o futuro político do estado.

Em nota, o Chefe da Casa Civil respondeu às colocações do vice-governador, dizendo: “Não tenho tempo, disposição e muito menos interesse em entrar em disputas ou polêmicas com outro secretário de Estado”. Confira a íntegra:

Em respeito à população de Rondônia, aos servidores públicos e à imprensa, venho me manifestar de forma serena e objetiva sobre as recentes declarações feitas pelo vice-governador Sérgio Gonçalves.

Não tenho tempo, disposição e muito menos interesse em entrar em disputas ou polêmicas com outro secretário de Estado. Minha energia está concentrada em trabalhar, entregar resultados e continuar honrando a confiança que o governador Coronel Marcos Rocha depositou em mim.

Deixo claro que, da minha parte, não há qualquer prática de arapongagem, perseguição ou uso da estrutura de comunicação do governo para atacar quem quer que seja. Não é do meu perfil e nunca será. Faço política com responsabilidade, ética e sempre com foco no que realmente importa: melhorar a vida da população de Rondônia.

Vale lembrar que tanto eu quanto o próprio Sérgio Gonçalves fomos escolhas pessoais do governador. Aliás, sua escolha como vice-governador foi uma decisão corajosa do governador Marcos Rocha, que o trouxe para o projeto de governo em um momento delicado da sua vida profissional, mesmo enfrentando resistência de muitos — inclusive do próprio irmão dele.

Por isso, acredito que a postura mais sensata de todos nós, que integramos a equipe de governo, é respeitar as decisões do governador, reconhecer o nosso papel e trabalhar com lealdade institucional.

Não entro em guerra política, não faço ataques pessoais e muito menos utilizo meios de comunicação para agredir quem quer que seja. Meu compromisso segue sendo com Rondônia, com o governo e, principalmente, com os resultados que a população espera de nós.

Equilíbrio, responsabilidade e respeito são princípios que sigo e continuarei seguindo.

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