Setor de serviços impulsiona Rondônia à liderança de empregos no Norte – Diário da Amazônia

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) revelam uma boa notícia para Rondônia: em março, o estado liderou a geração de empregos formais na Região Norte, com um saldo de 1.102 novas vagas e um total de 4,4 mil novos postos no primeiro trimestre de 2025. Isso é um indicativo positivo que merece uma análise cuidadosa, sem exageros, reconhecendo um desempenho que se destaca no contexto regional.

O setor de Serviços se destacou, gerando quase todas as vagas de março (mil postos), seguido pela Indústria (420). Isso sugere uma dinâmica econômica que vai além das atividades tradicionalmente associadas à região, como agronegócio e extrativismo, embora essas ainda desempenhem um papel crucial na economia local.

A predominância de contratações no setor terciário pode indicar um amadurecimento da estrutura produtiva, com uma maior demanda por atividades urbanas e comerciais. É fundamental verificar se essa tendência se manterá nos próximos meses.

Outro ponto importante é o perfil dos novos contratados. A maior parte das vagas foi preenchida por mulheres (816) e profissionais com o Ensino Médio completo (760), levantando questões significativas. Isso pode indicar uma maior inserção feminina no mercado formal e a valorização de uma qualificação básica.

Por outro lado, é imprescindível avaliar se essas posições oferecem remuneração e condições de trabalho adequadas e se existem oportunidades equivalentes para quem possui menor escolaridade. O destaque para a faixa etária de 18 a 24 anos (707 vagas) é um ponto positivo para os jovens, mas também ressalta a necessidade de políticas contínuas de capacitação e retenção de talentos no estado.

Geograficamente, a concentração de mais da metade das vagas na capital, Porto Velho (724), seguida por Vilhena e Ji-Paraná, é um padrão esperado, mas levanta questões sobre a necessidade de promover um desenvolvimento mais equilibrado em todo o interior.

Embora cidades como Machadinho d’Oeste e Rolim de Moura tenham registrado saldos positivos, a disparidade indica o desafio de distribuir as oportunidades de maneira mais equitativa pelo território rondoniense.

Ser líder na criação de empregos formais na região confere a Rondônia um protagonismo que merece atenção. Esse desempenho sugere que fatores como um ambiente de negócios mais favorável, investimentos recentes ou ciclos específicos em certos setores podem estar contribuindo para esse cenário. No entanto, a análise deve ir além dos números.

É essencial questionar a qualidade desses empregos, a sustentabilidade desse crescimento e sua capacidade de gerar desenvolvimento socioeconômico a longo prazo. A formalização é, sem dúvida, um avanço significativo, assegurando direitos trabalhistas e previdenciários. Contudo, o desafio contínuo é transformar essas vagas em vetores de melhoria de renda, qualificação profissional e redução das desigualdades.

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