Pela primeira vez na história de Rondônia, uma comunidade indígena consegue acesso a uma linha de crédito agrícola com foco no fortalecimento da produção sustentável. A assinatura simbólica foi realizada nesta terça-feira (27), durante a 12ª edição da Rondônia Rural Show Internacional, em Ji-Paraná (RO), tendo a presença de representantes do Banco da Amazônia, da Emater, da Funai, além de lideranças indígenas e autoridades locais.
Os beneficiários são os jovens indígenas Kaua Pamakatig Suruí e Giovan Garbaiway Suruí, da etnia Paiter-Suruí, que reside na Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, no município de Cacoal (RO). Eles foram agraciados com crédito da linha PRONAF A, destinada a famílias agricultoras que desejam modernizar e ampliar suas atividades produtivas, com juros de apenas 0,5% ao ano e um prazo de até 10 anos para pagamento. Os recursos serão investidos na instalação de sistemas de irrigação e no aumento da produção de café, que já é reconhecido nacionalmente por sua qualidade e origem sustentável.
Avanço para a agricultura sustentável
A liberação de crédito foi viabilizada graças a uma mudança nas normativas do Governo Federal, que agora permite a inclusão de povos indígenas no Grupo A do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), norma anteriormente restritiva. Com essa assinatura, Rondônia se destaca como um dos primeiros estados da região Norte a efetivar esse acesso.
“Esse momento simboliza mais do que apenas a concessão de crédito. Ele representa dignidade, oportunidades e reconhecimento. É o começo de uma nova era para a agricultura sustentável em Rondônia. Com esse investimento, os produtores Paiter-Suruí poderão investir mais e competir de forma mais equitativa no mercado. O Banco da Amazônia está comprometido com a agricultura familiar e prevê destinar 20% do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) a esse setor em 2025, incluindo os povos indígenas,” destacou Edson Ferreira de Souza, superintendente regional do Banco da Amazônia.
O projeto contará com suporte técnico da Emater e da Funai, que acompanharão as comunidades indígenas desde o planejamento até a liberação dos recursos e a execução das atividades.
Café indígena sustentável
A Terra Indígena (TI) Sete de Setembro possui mais de 30 mil pés de café robusta, cultivados pela família do cacique Wilson Nakodah Suruí, o Nambú. Cerca de 350 famílias Paiter-Suruí, distribuídas em 35 aldeias, estão envolvidas na cadeia produtiva do café, que tem um impacto ambiental reduzido e um alto valor de mercado. A produção já é negociada com grandes empresas do setor, como o Grupo 3Corações.
“Estamos felizes, pois agora temos o suporte necessário para aprimorar nossa produção. Usaremos este crédito para irrigar nossas plantações e cuidar melhor do café. Isso beneficiará não apenas minha família, mas toda a comunidade, que depende da terra e o que ela nos proporciona. É um passo significativo para o nosso povo,” declarou Gatoya Suruí, pai dos jovens beneficiados.
A assinatura das primeiras operações de crédito para indígenas em Rondônia demonstra o compromisso do Banco da Amazônia com a inclusão produtiva, geração de renda e desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais da Amazônia Legal. A expectativa é que novas propostas sejam implementadas nos próximos meses, fortalecendo ainda mais o papel dos povos originários na economia verde da região.
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