Povos indígenas acessam crédito agrícola pela primeira vez no estado | Tudo Rondônia

Os beneficiários desse projeto são os jovens indígenas Kaua Pamakatig Suruí e Giovan Garbaiway Suruí, pertencentes à etnia Paiter-Suruí, que reside na Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, em Cacoal (RO). Eles receberam crédito através da linha PRONAF A, destinada a famílias agricultoras que desejam modernizar e expandir suas atividades produtivas, com juros de apenas 0,5% ao ano e um prazo de até 10 anos para quitação. Os recursos serão utilizados para a implementação de sistemas de irrigação e para aumentar a produtividade do café, que já é reconhecido nacionalmente pela sua qualidade e sustentabilidade.

Avanço em Agricultura Sustentável

A liberação do crédito foi viabilizada graças a uma alteração nas normas do Governo Federal, que agora permite a inclusão de povos indígenas no Grupo A do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), uma prática que antes era restrita. Com essa ação, Rondônia se destaca como um dos primeiros estados do Norte a garantir esse acesso.

“Este momento simboliza mais do que apenas crédito. É um sinal de dignidade, oportunidade e reconhecimento. Marca o início de uma nova fase para a agricultura sustentável em Rondônia. Com esse financiamento, os produtores Paiter-Suruí ganharão mais capacidade de investimento e poderão competir de forma mais justa no mercado. O Banco da Amazônia está comprometido com a agricultura familiar e destinará 20% do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) a esse segmento em 2025, incluindo os povos indígenas,” afirmou Edson Ferreira de Souza, superintendente regional do Banco da Amazônia.

A operação recebe suporte técnico da Emater e da Funai, que acompanharão as comunidades indígenas desde o planejamento dos projetos até a liberação dos recursos e a implementação das ações.

Café Indígena Sustentável

A Terra Indígena (TI) Sete de Setembro atualmente abriga mais de 30 mil pés de café robusta cultivados pela família do cacique Wilson Nakodah Suruí, o Nambú. Aproximadamente 350 famílias Paiter-Suruí, organizadas em 35 aldeias, estão envolvidas na produção de café, que possui baixo impacto ambiental e alto valor de mercado. A produção já é comercializada com grandes empresas do setor, incluindo o Grupo 3Corações.

“Estamos muito felizes porque agora temos apoio para melhorar nossa produção. Vamos usar esse crédito para irrigar nossas plantações e cuidar melhor do café. Isso beneficiará não só minha família, mas toda a comunidade, que depende da terra e dos recursos que ela nos proporciona. É um passo significativo para o nosso povo,” declarou Gatoya Suruí, pai dos jovens beneficiados.

A assinatura das primeiras operações de crédito para indígenas em Rondônia reafirma o compromisso do Banco da Amazônia com a inclusão produtiva, geração de renda e o desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais da Amazônia Legal. Há expectativas de que novas propostas sejam viabilizadas nos próximos meses, fortalecendo ainda mais o papel dos povos originários na economia verde da região.