Estabelecido pela Lei Federal 11.899/2009, o Dia Nacional da Leitura, comemorado em 12 de outubro, juntamente com a Semana Nacional da Leitura e Literatura, ressalta a importância do livro e da leitura em todo o Brasil. Em Rondônia, a Assembleia Legislativa (Alero) aproveita esta data para destacar iniciativas que promovem a literatura, incentivam escolas e bibliotecas, e reconhecem a leitura como uma ferramenta vital para a educação, inclusão social e cidadania.
Leitura e cidadania: “fundamento da liberdade intelectual”
A presidente da Comissão de Educação da Alero, deputada Ieda Chaves (União Brasil), enfatiza a importância da leitura na formação de cidadãos críticos e participativos:
“A leitura é a base da liberdade intelectual. Ela prepara cidadãos que questionam, analisam e tomam decisões de forma autônoma. Um eleitor que lê é menos suscetível à manipulação e mais ciente de seu papel na sociedade.”
Biblioteca legislativa e parceria com a Academia
A deputada também menciona a promulgação, em julho, do Projeto de Resolução 552/2023, que permite a criação da Biblioteca Legislativa Deputada Lúcia Tereza Rodrigues na sede da Alero, em Porto Velho. Essa biblioteca abordará temas como Direito, Administração Pública, Ciência Política, História e Geografia de Rondônia, e Políticas Públicas, proporcionando um ambiente de estudo com acesso à internet e atividades educativas, financiado pelo orçamento da Assembleia.
Deputada Ieda Chaves, presidente da Comissão de Educação da Alero (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE-RO)
A deputada também ressalta a parceria com a Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes, que garante o uso de salas na Escola do Legislativo (Elero) como nova sede da instituição — uma ação que fortalece a literatura, artes e cultura no estado.
Bibliotecas e escolas como espaços dinâmicos
Para aumentar o envolvimento dos leitores, Ieda destaca a importância de criar ambientes dinâmicos: “O desafio não é apenas ter livros, mas tornar esses espaços vibrantes. Bibliotecas e escolas devem ser dinâmicas, com recursos multimídia, acesso à internet, e-books, e áreas colaborativas para estudos em grupo. Atividades culturais regulares são essenciais para manter o interesse. Nas escolas, é crucial desvincular a leitura da noção de obrigação ou punição; a leitura deve ser uma descoberta, não um medo de avaliações.”
Ela também valoriza a importância dos projetos culturais locais, destacando seu papel essencial no pertencimento e celebração:
“Como política, testemunho isso diariamente: os projetos culturais locais são o coração da literatura em Rondônia. Eles promovem um contato com a leitura de uma maneira que o governo ou a escola formal, sozinhos, não conseguem. Eles oferecem experiências e pertencimento. Nos projetos culturais, a literatura deixa de ser uma obrigação e se transforma em celebração — um encontro que difere do ensino tradicional.”
Políticas públicas contínuas: a Semana Estadual do Livro
O deputado Ismael Crispin (sem partido), autor da Lei 4.949, de 11 de janeiro de 2021, que institui a Semana Estadual do Livro e de Incentivo à Leitura e à Escrita, que ocorre de 8 a 15 de setembro, considera fundamental o fortalecimento de políticas públicas que promovam a leitura para o desenvolvimento humano e social.
Crispin lembra que esta legislação, sancionada pelo Governo de Rondônia, foi criada para garantir a realização de atividades educativas e culturais em escolas, bibliotecas e instituições públicas e privadas, com o intuito de estimular o gosto pela leitura, fomentar a criatividade e expandir o acesso à literatura.
“A leitura é um meio transformador. Quem lê adquire maior autonomia para entender o mundo, tomar decisões informadas e exercer sua cidadania plenamente. Foi por esse motivo que propus essa lei, acreditando que investir na leitura é investir em liberdade e em um futuro melhor.”
Crispin observa que a criação da Semana Estadual do Livro surgiu em resposta a um cenário preocupante, onde uma parte significativa da população brasileira enfrenta dificuldades na leitura e interpretação de textos. O parlamentar defende a continuidade das ações educativas:
Deputado Ismael Crispin, autor da Lei que institui a Semana Estadual do Livro (Foto: Assessoria Parlamentar)
“A falta de domínio da leitura é um problema que começa na infância e precisa ser abordado com políticas públicas permanentes. A Semana Estadual do Livro é um passo significativo nesse sentido.”
Ele destaca que o Dia Nacional, em 12 de outubro, representa uma oportunidade de mobilizar a sociedade em torno da valorização dos livros e da literatura:
“A leitura amplifica nossos horizontes e nos conecta ao que temos de mais humano: a capacidade de pensar, sonhar e criar um mundo melhor.”
Educação básica e formação de leitores
A secretária de Estado da Educação, Albaniza Oliveira, reitera o compromisso do governo em fomentar a leitura desde a infância e aumentar o acesso às bibliotecas escolares:
“No Dia da Leitura, reafirmamos nosso compromisso com a formação de leitores desde a infância. Estamos expandindo o acesso a bibliotecas escolares, investindo na formação continuada de professores e implementando programas de leitura. Ler é um direito e uma porta para o futuro, e nossa missão é garantir que ela esteja sempre aberta para todos.”
A secretária de Educação de Rondônia reafirma o compromisso com a formação de leitores desde a infância (Foto: Assessoria)
Por que a data é significativa em Rondônia?
• Valorização do livro e da leitura: a comemoração envolve escolas, bibliotecas, editoras e projetos culturais em promover experiências de leitura.
• Infraestrutura e políticas públicas: a biblioteca legislativa, a colaboração com a Academia Rondoniense e a Semana Estadual do Livro formam um ecossistema de incentivo à leitura.
• Transformação social: os relatos ressaltam a leitura como um caminho para autonomia, participação cidadã e desenvolvimento humano.
Especialistas destacam o impacto da leitura na formação de cidadãos em Rondônia
No Dia Nacional da Leitura, educadores e gestores culturais em Rondônia destacam que o livro é um instrumento poderoso de transformação e inclusão.
O poder da leitura e da descoberta do mundo
A professora Jéssica Farias, especialista em educação inclusiva e graduada em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), considera a leitura uma ferramenta crucial para a emancipação intelectual.
“A leitura é fundamental para o exercício da cidadania; uma sociedade mais justa e democrática precisa de indivíduos que pensem de forma crítica e saibam argumentar embasados no conhecimento. Quando o aluno lê, não apenas decifra palavras, mas mergulha em ideias, realidades e perspectivas que enriquecem sua visão de mundo.”
Ela compartilha uma experiência marcante com uma aluna do ensino médio que apresentava dificuldades de leitura e que progrediu significativamente após o reforço escolar na biblioteca.
Professora Jéssica Farias destaca a experiência transformadora (Foto: Arquivo pessoal)
“Apesar de suas lacunas iniciais, um ambiente escolar estruturado e motivador pode impactar profundamente o desenvolvimento do aluno. Esta experiência reforçou a importância de oferecer oportunidades de leitura e estudo de maneira respeitosa e envolvente, essenciais para ampliar horizontes e fortalecer a cidadania.”
Escolas e bibliotecas como espaços acolhedores
Jéssica enfatiza que o ambiente físico e emocional é crucial para despertar o desejo de ler. “Para que bibliotecas e escolas sejam de fato atrativas, é necessário transformá-las em ambientes acolhedores e inspiradores, que incentivem a descoberta.”
O diretor da Biblioteca Estadual Francisco Meirelles, Carlos Augusto da Silva, compartilha a mesma perspectiva.
“Bibliotecas e escolas devem oferecer espaços que atraiam os leitores. Essas instituições precisam proporcionar um ambiente acolhedor, agradável, limpo, iluminado, climatizado e silencioso. Outro ponto crucial é ter um acervo de títulos relevantes e bem-organizados, que facilitem a busca ao usuário.”
Ele acrescenta que a leitura desempenha um papel transformador na formação de cidadãos críticos e participativos. Segundo ele, a leitura amplia horizontes, estimula a imaginação e promove a empatia, capacitando os leitores a compreender e agir de maneira consciente e autônoma.
Carlos Augusto da Silva defende a leitura como ferramenta transformadora para formar cidadãos críticos (Foto: Arquivo pessoal)
Projetos culturais e práticas de incentivo
Para Jéssica, os projetos culturais tornam a leitura mais prazerosa e relevante.
“Os projetos culturais têm sido fundamentais para promover a leitura e o aprendizado, especialmente entre os alunos da rede pública. Ao proporcionar um contato lúdico e educativo com a literatura, essas iniciativas tornam o aprendizado mais prazeroso e significativo.”
Na Biblioteca Francisco Meirelles, Carlos Augusto menciona atividades como gincanas literárias, contação de histórias e salas temáticas. “Essas iniciativas têm como objetivo despertar o interesse pela leitura e expandir o vocabulário, aprimorar a escrita, o senso crítico e promover a livre expressão de ideias através dos livros, beneficiando milhares de usuários.”
A leitura como ferramenta de pensamento crítico
Com 28 anos de experiência na educação pública e privada, o professor Erivaldo Nogueira sublinha que a leitura proporciona maturidade e segurança para se expressar.
“A leitura é fundamental na vida cotidiana, pois conecta o indivíduo às realidades sociais. Este hábito estimula-o a expressar suas próprias opiniões de maneira consciente, seja concordando ou discordando, mas sempre com maturidade e segurança.”
Ele também afirma que a leitura deve ser incentivada por toda a comunidade escolar. “Essa abordagem requer uma colaboração entre professores, bibliotecários, supervisão e gestão escolar, todos alinhados aos mesmos objetivos. Projetos como saraus, oficinas e debates literários incentivam os alunos a ler de forma espontânea e prazerosa, e não por imposição.”
Segundo Erivaldo Nogueira, a leitura é a base da capacidade de pensar, debater e conviver (Foto: Arquivo pessoal)
Erivaldo ainda ressalta a necessidade de expandir as políticas públicas de acesso: “Precisamos de políticas públicas e projetos culturais que incentivem os jovens a se tornarem leitores, desenvolvendo seu senso crítico e autoestima, valorizando a cultura à qual pertencem.”
Leitura e cidadania
As visões de Jéssica Farias, Erivaldo Nogueira e Carlos Augusto da Silva convergem em um ponto comum: a leitura é um instrumento de transformação pessoal e social. Escola, professor e biblioteca formam uma rede que estimula a autonomia, sensibilidade e o pertencimento.
Horários de funcionamento das bibliotecas nas cidades de Rondônia:
Porto Velho:
Biblioteca Municipal Francisco Meirelles – Segunda a sexta, das 8 às 21 horas.
Biblioteca Viveiro das Letras – Segunda a sexta, das 8 às 21h30; Sábados, das 8 às 11h30
Biblioteca Municipal de Ariquemes Pedro Tavares Batalha – Segunda a sexta, das 7h30 às 21 horas
Biblioteca Municipal de Cacoal – Segunda a sexta, das 7h30 às 17 horas
Biblioteca Municipal de Vilhena Monteiro Lobato – Segunda a sexta, das 8 às 18 horas
Biblioteca Municipal Francisco Meirelles (Foto: PMPV)
Texto: Elianio Nascimento I Jornalista Secom ALE/RO
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