Atingidos e atingidas em Rondônia constroem coletivo de saúde junto à Fiocruz

Mística de ornamentação da Oficina Estadual para Formação e Fortalecimento do Coletivo de Saúde em Rondônia. Foto: Comunicação MAB / RO

De 4 a 6 de abril, o Movimento dos Atingidos por Barragens organizou a Oficina Estadual para Formação e Fortalecimento do Coletivo de Saúde em Porto Velho (RO). Essa atividade faz parte de uma série de formações em âmbito nacional, realizada em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio de um Termo de Cooperação Técnica, que visa capacitar e reconhecer representantes de comunidades afetadas como vigilantes populares em saúde.

“Precisamos entender o que é a vigilância popular e como podemos implementá-la. Já praticamos isso por meio de nossos saberes tradicionais e populares”, afirma Missay Nobre, da coordenação estadual.

Atingidos e atingidas em Rondônia constroem coletivo de saúde junto à Fiocruz
Plenária de abertura da Oficina, conduzida por Océlio Muniz e Laércio Cavalcante. Foto: Comunicação MAB / RO

A formação contou com a participação de atingidos e atingidas das comunidades que o MAB articula no estado, além da Coordenação Estadual, pesquisadores e profissionais da Fiocruz, incluindo o doutor em Medicina Tropical, Alexandre Pessoa Dias, e a mestra em Epidemiologia e Saúde Pública, Priscila Neves Silva.

“Essa capacitação nos ensina muito sobre vigilância em saúde. Muitas vezes, acreditamos que a ausência do estado prejudica a comunidade, mas uma pessoa sem conhecimento de seus direitos também pode ser prejudicial. Com essa capacitação, conseguimos melhorar o acesso aos serviços de saúde para toda a comunidade”, ressalta Del Belfort, militante do MAB.

Raíssa Theberge na Facilitação Gráfica da Oficina. Foto: Comunicação MAB / RO
Raíssa Theberge facilitando graficamente a Oficina. Foto: Comunicação MAB / RO

A programação teve início na sexta-feira (04), com uma apresentação sobre os impactos das mudanças climáticas na região, liderada por Océlio Muniz (coordenação do MAB/RO). O dia continuou com uma palestra do professor Ricardo Gilson (DGEO/UNIR), que abordou a conjuntura geopolítica do agronegócio em Rondônia. Encerramos com a apresentação de Najla Benevides (Fiocruz/RO) sobre saúde e ambiente no contexto das barragens, incluindo resultados de coletas de água nas comunidades do Médio e Baixo Madeiras.

No segundo dia (05), Alexandre abordou o conceito de determinação social da saúde, seguido por Priscila Neves com um histórico, princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Constituição Cidadã. Priscila também apresentou os componentes da vigilância em saúde: ambiental, epidemiológica, sanitária, e da saúde do trabalhador, relacionando com a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA). O sábado foi finalizado com uma pesquisa de campo sobre a enchente que afetava a região portuária, culminando em uma Noite Cultural para integração e celebração.

Mirene Alves, coordenadora da comunidade de Nova Aliança (Porto Velho/RO), no Baixo Madeira, afirma: “A demanda é enorme. Além de atender nossa comunidade, atendemos vizinhas, resultando em superlotação. Precisamos de melhorias para expandir e atender a todas as comunidades que necessitam”.

No domingo (06), último dia da oficina, Alexandre conectou a vigilância popular em saúde à construção do Coletivo Estadual de Saúde, sob a orientação de Missay e Breno Vinícius Martins (coordenador do MAB/RO). O objetivo da oficina foi desenvolver em conjunto a pauta do coletivo através de atividades em grupo focadas em uma Matriz de Processos Críticos de Corvalán, onde os participantes trabalharam em dois grupos: Agronegócio e Enchente.

Visita à zona portuária de Porto Velho. Foto: Comunicação MAB / RO
Visita à zona portuária de Porto Velho, para análise das enchentes na região. Foto: Comunicação MAB / RO

“A realidade da saúde na nossa comunidade é crítica. Lidamos constantemente com problemas relacionados ao uso de agrotóxicos, e sempre buscamos as unidades de saúde devido a alergias e diarreias. Com essa formação, poderei compartilhar o que aprendi com minha comunidade, trazendo esperança para eles”, conclui Cleudineia Oliveira, atingida de Triunfo (Candeias do Jamari/RO) e militante do MAB.

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