Às presas, Assembleia Legislativa aprova emenda que permite a Marcos Rocha ‘governar’ Rondônia remotamente enquanto permanece em Israel | Tudo Rondônia

PORTO VELHO (RO) – A Assembleia Legislativa de Rondônia aprovou, em uma decisão rápida nesta terça-feira (18), a Emenda Constitucional nº 174/2025, que permite ao governador Marcos Rocha (União Brasil) ‘exercer suas funções remotamente’, enquanto estiver fora do país, especificamente em Israel, onde se encontra desde o aumento das tensões com o Irã. A nova norma foi promulgada pela Mesa Diretora no mesmo dia, marcando um dos processos legislativos mais ágeis da história do Estado.

Com essa emenda, a substituição do governador pelo vice, Sérgio Gonçalves, só poderá ocorrer mediante solicitação expressa de Marcos Rocha à Assembleia Legislativa. A alteração na Constituição Estadual permite que o governador realize todas as atividades administrativas e governamentais por meio digital e tecnológico, considerados essenciais para o funcionamento da Administração Pública Estadual.

De acordo com fontes parlamentares, essa medida foi criada para impedir a posse temporária do vice-governador, irmão do ex-chefe da Casa Civil, Junior Gonçalves, que rompeu com o governo e começou a denunciar publicamente um suposto esquema de espionagem política. Os relatos implicam o uso da Polícia Civil para monitorar adversários políticos, com a suposta coordenação da Casa Civil, atualmente dirigida por Elias Rezende, que enfrentou indiciamento em investigação policial.

Em vídeos nas redes sociais, o governador Marcos Rocha afirmou que permaneceu voluntariamente em Israel para “abrir espaço” na missão de resgate a pessoas com comorbidades ou que estejam desestabilizadas emocionalmente. Entretanto, nenhum dos brasileiros repatriados relatou problemas de saúde durante a evacuação. A equipe do governo de Rondônia inclui, entre outros, a chefe de gabinete, a chefe de agenda e o chefe de mídias do governador. Até o último sábado (15), os custos da missão oficial ultrapassavam R$ 430 mil, com diárias do governador estimadas em US$ 800.

Nas redes sociais, a repercussão tem sido amplamente negativa, com críticas direcionadas aos reais propósitos da viagem e sua relação com o atual cenário político estadual. O governador, que já expressou interesse em concorrer a uma vaga no Senado Federal, também tem promovido a primeira-dama, Luana Rocha, como potencial candidata à Câmara dos Deputados, e seu irmão, Sandro Rocha, atual diretor do Detran, como pré-candidato a deputado estadual.

Enquanto isso, a crise na saúde pública em Rondônia continua a se agravar. Nesta terça-feira, uma criança de 10 anos faleceu no Hospital Infantil Cosme e Damião, uma unidade estatal, por falta de medicação, de acordo com um comunicado oficial da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que atribuiu o desabastecimento a obstáculos burocráticos. Esse caso acentua as críticas sobre a ausência do governador e a crítica situação da gestão de saúde, especialmente no Hospital João Paulo II, frequentemente apontado como um símbolo da precariedade do sistema hospitalar do estado.