A Rondônia Rural Show e o desafio da acessibilidade: um passo necessário para a inclusão – Diário da Amazônia

No último dia da Rondônia Rural Show, uma senhora me abordou. Devido a um recente acidente, ela estava temporariamente com a mobilidade reduzida. Apesar de ter ouvido muito sobre a feira e estar animada para explorar os estandes, ela teve que limitar sua visita devido à falta de acessibilidade. “Foi muito cansativo e difícil circular”, me disse, sorrindo de forma resignada, embora sua frustração fosse clara.

Embora não estivesse em busca de máquinas ou tecnologias para o agronegócio, ela fez questão de visitar os estandes das agroindústrias e do artesanato, onde apoiou os produtores locais. Afirmou que teria consumido mais e aproveitado mais, se não fosse tão difícil se locomover. Sua visita se tornou um desafio físico que poderia ter sido suavizado com rampas, calçadas niveladas, pisos adequados e transporte acessível — medidas simples, mas essenciais.

O Governo de Rondônia tem focado em números, justificadamente. Com mais de 400 mil visitantes nesta edição, o evento demonstra sua importância para o setor agropecuário e para o turismo de negócios. No entanto, é crucial olhar além dos números. Considerar a acessibilidade é também promover a inclusão social, a humanidade e ampliar o alcance do público que pode participar da feira — algo que foi feito em edições anteriores, quando os povos indígenas tiveram espaço para mostrar seus produtos e cultura.

É verdade que, proporcionalmente, o número de pessoas com mobilidade reduzida pode parecer pequeno em meio à multidão. No entanto, para aqueles que enfrentam essa limitação, a diferença é concreta e significativa. Garantir que um visitante com deficiência ou dificuldade de locomoção encontre condições mínimas para se locomover com dignidade é essencial e justifica todo o investimento em acessibilidade. A inclusão é não apenas um ato de respeito — é um direito. E quando garantida, transforma qualquer evento em um espaço mais justo, acolhedor e verdadeiramente grandioso.

Fernando Pereira