A doença que outrora assombrou os habitantes da Amazônia durante a era dos seringais e a colonização ainda persiste na região, representando um problema de saúde pública. A luta contra a malária continua e o mosquito transmissor ainda é motivo de temor. No entanto, há motivos para otimismo: os números de casos estão em queda. O estado de Rondônia registrou uma diminuição de 52,8% nos casos de malária entre janeiro e março de 2025, com 1.067 casos, em comparação aos 2.259 casos do mesmo período em 2024.
Em termos nacionais, a incidência da doença caiu 26,8%, passando de 34.807 casos em 2024 para 25.473 em 2025. O número de óbitos também demonstrou uma queda de 27% em 2024, com 43 mortes notificadas, em comparação às 63 registradas em 2023. O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apresentou esses dados em um evento em homenagem ao Dia Internacional de Luta contra a Malária, celebrado em 25 de abril, na Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro.
Durante sua apresentação, o ministro enfatizou o compromisso do Governo Federal em erradicar a malária e a importância das novas tecnologias de saúde. “Estamos determinados a eliminar os óbitos por malária e a doença em si. Estamos implementando tecnologias eficazes, como tratamentos avançados, o uso ampliado de testes rápidos e a introdução da tafenoquina, que já é uma realidade no Brasil. Treinamos quase 3 mil profissionais, tratamos mais de 7 mil pessoas, e temos como meta expandir o acesso a essas tecnologias em todo o país até 2026.”
O medicamento inovador de dose única foi desenvolvido para curar a malária causada pelo Plasmodium vivax, responsável por 80,3% dos casos em 2024. Este tratamento reduz a severidade dos casos e a mortalidade da doença. O fármaco já está disponível em 49 municípios de 6 estados (Amazonas, Roraima, Pará, Rondônia, Amapá e Acre) e em 9 Distritos Sanitários Indígenas. Em maio, a ação será estendida à região extra-amazônica e, em junho, a áreas específicas do Mato Grosso.
A versão pediátrica da tafenoquina está em processo de incorporação, recebendo parecer favorável na avaliação inicial da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). A recomendação inicial será submetida a consulta pública nos próximos dias antes de retornar para a análise final da comissão.
Redução de casos em áreas especiais
Dados do Ministério da Saúde mostram uma redução no número de casos em três das cinco áreas especiais de vigilância em 2024, como um declínio de 27,5% em áreas de garimpo e 11% em áreas de assentamento. Esta segmentação visa um melhor acompanhamento, uma vez que a malária é uma doença socialmente determinada, afetando principalmente pessoas em áreas de vulnerabilidade social — 99% dos casos estão concentrados na Região Amazônica, abrangendo estados como Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
O ministro também ressaltou a vigilância epidemiológica da malária fora da Amazônia. “Embora os números de casos sejam menores fora da região, a letalidade é mais alta. Portanto, vamos implementar um sistema de vigilância específico para os estados com registros fora da Amazônia, criando alertas e ações direcionadas.”
No total, foram registrados 138.493 casos locais em 2024, um número inferior ao de 2023 (140.264). Além disso, o país diminuiu a quantidade de municípios com transmissão ativa da doença, de 321 em 2016 para 211 em 2024. Esses resultados refletem as ações contínuas e estratégicas do Ministério da Saúde para erradicar a doença.
Investimentos e ações estratégicas
Entre 2024 e 2025, o Ministério investiu R$ 9,9 milhões em insumos para controle vetorial, R$ 5,8 milhões em medicamentos e testes G6PD, e R$ 1,7 milhão em testes de diagnóstico rápido (TDR) para malária. O uso de testes rápidos cresceu 90% em 2024, com um aumento de 65% na compra de insumos.
O ministro Alexandre Padilha também destacou a contribuição da Fiocruz na produção de medicamentos essenciais. “Agradeço à Fiocruz pela decisão de produzir, em colaboração com o Ministério da Saúde, a combinação de artesunato e mefloquina, que é um tratamento para malária grave. Isso garante um fornecimento contínuo e seguro de medicamentos de alta qualidade em todo o país.”
A aquisição de mosquiteiros impregnados de longa duração, que não eram adquiridos desde 2019, foi outra ação estratégica mencionada pelo ministro. Foram distribuídas 300 mil redes e 100 mil camas, atingindo 100% dos estados da Amazônia.
Profissionais de saúde em áreas de risco receberam capacitação e participam do Projeto Apoiadores Municipais, que visa a prevenção, controle e eliminação da malária. Com 30 pessoas trabalhando diretamente nos municípios que concentram 80% da carga da doença, o projeto fortalece a resposta local e apoia as gestões municipais nas ações de vigilância, diagnóstico, tratamento e prevenção da malária.
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